Natural é, por isso, que evoquemos estes Autores no n.º 20 de Malasartes.
20, por outro lado, é um número carregado de simbolismo. Contrariando a tendência de boa parte das revistas literárias e científicas – nomeadamente em Portugal –, a circunstância de Malasartes – Cadernos de Literatura para a Infância e a Juventude ter logrado, contra ventos e marés, atingir o seu vigésimo número, em onze anos, reveste-se de enorme significado. E resulta também de um esforço de paciência e persistência que deve incutir orgulho em todos os colaboradores da revista, portugueses e galegos. Mas muito há ainda a fazer: para sobreviver às intempéries da crise, Malasartes precisa urgentemente de maior divulgação e de crescer, em número de assinantes e leitores. Uma tarefa que deveria ser assumida por todos os interessados nesta área (bibliotecários e professores incluídos) e não apenas pelo núcleo de colaboradores mais próximos. Seria lamentável não conseguir manter vivo e actuante este projecto que corresponde ao desejo de muitos: o da única revista luso-galega, de perfil científico aberto, dedicada ao estudo, à crítica e à divulgação do livro para crianças e jovens.
Continue-se, pois, o caminho iniciado. Aprofundando o conhecimento, neste vigésimo número, de mais dois escritores da maior relevância no panorama das literaturas infantis e juvenis galega e portuguesa: Paco Martín (uma presença actual e singular) e Maria Lamas (uma das figuras do período de ouro da escrita para crianças em Portugal). Revisitando, por outra parte, obras de referência de Autores como Jules Verne, Raymond Léopold Bruckberger, Sidónio Muralha, Xosé Neira Vilas, Maria Victoria Moreno ou Max Velthuijs. E concentrando-nos, ainda, em criações recentes que atestam a vitalidade da escrita e da ilustração contemporâneas – de nomes como o já referido Paco Martín, Manuela Bacelar, Agualusa, Henrique Cayatte, Fernando Pinto do Amaral, Nuno Higino e de muitos outros, cujos livros, neste número, são objecto de atenção crítica.
Nas habituais secções de Práticas, de Estudos e de recensões de estudos e revistas, continuarão, certamente, os leitores de Malasartes a encontrar respostas a outras questões que o seu trabalho de investigação ou de mediação da leitura lhes suscita.