Encontra-se já nos escaparates o novo número de Malasartes – Cadernos de Literatura para a Infância e a Juventude. O editorial sumaria o fundamental do que este número tem a oferecer.
Os chamados novos temas e os géneros emergentes (pelo menos na produção literária e editorial portuguesa para crianças) constituem um dos aspectos em realce neste novo número de Malasartes. Entre, por um lado, as questões da multiculturalidade, da defesa do património natural e da homossexualidade (vejam-se as análises do último livro de Manuela Bacelar e, na secção de recensões, da obra Titiritesa, de Xerardo Quintiá e Maurizio A. C. Quarello) e, por outra parte, os novos álbuns portugueses da Planeta Tangerina, há todo um percurso de leitura a fazer neste número que, esperamos, proporcione aos mediadores de leitura uma reflexão pertinente e oportuna sobre os caminhos mais recentes da literatura para a infância.
Uma literatura que quase nunca vive sem a ilustração. Daí que artigos como os dedicados à «customización de ilustracións» (uma interessante análise e, em simultâneo, uma sugestão de trabalho para mediadores, incluídas na secção Práticas) e às já mencionadas produções da Planeta Tangerina e de Manuela Bacelar venham sublinhar o relevo crescente de que se reveste esta dimensão do livro infantil, bem como a necessidade de pensar seriamente o desenvolvimento da literacia visual nos mais jovens.
Os novos autores e ilustradores de literatura infantil em língua portuguesa (Rita Taborda Duarte, Odjaki, Luís Henriques) e um clássico contemporâneo da literatura infantil e juvenil galega (António García Teijeiro, poeta e ficcionista que já era tempo de ver traduzido para português) merecem também destaque neste número.
E, como não é possível entender o presente sem conhecer a tradição e revisitar caminhos antes trilhados, incluem-se também dois artigos de particular interesse na secção Referências. Por um lado, o dedicado aos 20 anos da colecção galega «Merlín» – que abriu portas a tantos autores e ilustradores que hoje se contam entre os mais influentes da literatura infantil e juvenil galega, além de ter editado escritores portugueses, como António Torrado, Manuel António Pina e Álvaro Magalhães. Por outro lado, registe-se o artigo centrado no Tesouro Poético da Infância, uma das primeiras antologias portuguesas de poesia destinada à infância que se publicaram em Portugal, ainda no século XIX.
As habituais secções de recensões críticas de livros infantis e juvenis em português e em galego e outras matérias de interesse completam este décimo sétimo número da Malasartes. Assim se mantém vivo um dos principais propósitos da revista: fazer chegar a estudiosos e a mediadores de leitura informação e análises actuais sobre a produção literária preferencialmente destinada aos mais jovens.